No Alentejo, a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana assegura que todos os milhares de litros produzidos, engarrafados e comercializados com Denominação de Origem Alentejo, ou Vinho Regional Alentejano, têm de ser controlados.
O processo de Certificação tem 12 passos que vão desde a aprovação do terreno e dos solos bem como das vinhas que serão plantadas, passando pela abertura de uma conta-corrente que estará associada a cada produtor permitindo ter informação sobre a sua produção e stocks. Sempre que o produtor tenha os seus lotes de vinho terminados, estes serão submetidos a análises físico-químicas e a provas sensoriais. Depois, o processo de certificação continua com a aprovação do rótulo e controlo dos vinhos já nas prateleiras em Portugal e no estrangeiro, para maior garantia aos consumidores.
A certificação é dada aos seguintes tipos de produto: vinho branco tinto, rosado ou rosé; vinho licoroso; vinho espumante branco, tinto, rosado ou rosé; aguardante bagaceira; e aguardente vínica.
Podem ser certificados com designação DOC Alentejo (Denominação de Origem Controlada) os vinhos produzidos a partir de uvas produzidas nas zonas DOC do Alentejo. Estas áreas distribuem-se por 8 zonas: Portalegre, Borba, Redondo, Évora, Reguengos, Granja-Amareleja, Vidigueira e Moura. Todas elas com condições singulares para a cultura da vinha, transmitindo uma tipicidade aos vinhos, que é resultado de um “terroir” que foi sendo descoberto desde os tempos dos Romanos.
Os vinhos certificados como DOC Alentejo podem opcionalmente ter menção à zona DOC de onde provêm.
A Serra de S. Mamede sita no norte do Alentejo, a cordilheira mais alta a sul do Tejo, constitui o exemplo flagrante desta individualidade, aportando a frescura retemperadora que só a altitude pode proporcionar. Também o Redondo, protegido pela barreira natural da Serra da Ossa, tal como a Vidigueira, abrigada pela Serra de Portel, beneficiam da cumplicidade da natureza para garantir vinhos singulares. Cada sub-região tem caraterísticas únicas, que diferenciam os vinhos nelas produzidos.
Borba é a segunda maior sub-região do Alentejo, espraiando-se ao longo do eixo que une Estremoz a Terrugem, estendendo-se por Orada, Vila Viçosa, Rio de Moinhos e Alandroal, terras pontuadas por solos únicos, depósitos colossais de mármore que marcam de forma indelével e decisiva a viticultura e o carácter dos vinhos da sub-região.
As manchas alargadas de xisto vermelho, distribuídas heterogeneamente por terras pobres e austeras, constituem a tipologia alternativa marcante de Borba, naquela que é uma das sub-regiões mais dinâmicas do Alentejo.
O microclima especial de Borba assegura índices de pluviosidade levemente superiores à média, bem como níveis de insolação ligeiramente inferiores à média alentejana, proporcionando vinhos especialmente frescos e elegantes.
Num passado longínquo, durante o remate final do século XIX, Évora gozou de um prestígio inimaginável, tendo sido reconhecida como uma das sub-regiões mais vistosas e admiradas do Alentejo, berço de muitos dos vinhos mais cobiçados da região.
A filoxera, primeiro, logo seguida pelo estigma da campanha cerealífera do Estado Novo, encarregaram-se de suprimir quase por inteiro a vinha na sub-região, relegando Évora a um esquecimento forçado.
Foi preciso esperar até ao final da década de oitenta do século passado para assistir ao renascimento de Évora, capital e parte integrante do Alentejo central. A paisagem é dominada pelos solos pardos mediterrânicos, numa paisagem quente e seca que é berço de alguns dos vinhos mais prestigiados do Alentejo.
A Granja-Amareleja espraia-se pela zona da raia, paredes-meias com a fronteira espanhola, disposta em redor da vila de Mourão, condicionada por um dos climas mais áridos e inclementes de Portugal.
Os solos paupérrimos são forrados a barro e xisto, oferecendo produções e rendimentos baixíssimos, traídos pela recorrente falta de água, pela quase ausência de matéria orgânica e pela superficialidade da cobertura vegetal.
É uma zona de extremos que dá corpo a vinhos pejados de personalidade. Os Verões muito quentes e secos implicam maturações precoces, dando azo a vinhos quentes e suaves, de grau alcoólico elevado.
A casta Moreto, uma das variedades mais características da sub-região, adaptou-se especialmente bem à região.
O clima revela uma forte tendência continental, com amplitudes térmicas dilatadas, Invernos frios e rigorosos e Verões tórridos, secos e prolongados.
Os solos são especialmente pobres, com o barro e o calcário a alternarem na paisagem, solos pouco profundos, duros e inclementes para a vinha mas com boa capacidade de retenção de água.
A casta Castelão domina a paisagem por inteiro, bem adaptada aos rigores de um clima tão extremado.
Os vinhos de Moura apresentam um perfil quente e macio, com graduações alcoólicas consequentes.
Portalegre é uma sub-região muito diferenciada das restantes sete. É aquela que mais se diferencia pela originalidade e condição.
Em Portalegre tudo é distinto, desconforme com a realidade tradicional do Alentejo, dos solos às vinhas, da altitude à idade das cepas.
As vinhas, dispostas maioritariamente nos contrafortes da Serra de S. Mamede, em fragas cujos picos chegam a transpor os mil metros de altitude, beneficiam com o clima moderado pela altitude, muito mais fresco e húmido que o calor das planícies do sul, proporcionando vinhos frescos e elegantes... mas igualmente poderosos.
Os solos predominantemente graníticos surgem intercalados, nas zonas mais baixas, com pequenas manchas de xisto. Nas vinhas da serra a propriedade encontra-se muito fragmentada, dividida em inúmeras courelas semeadas por vinhas muito velhas, com idades que chegam a atingir os setenta anos.
Curiosamente, as castas Cinsault e Grand Noir sempre fizeram parte do encepamento, mais uma das muitas excentricidades de Portalegre.
A Serra d´Ossa, um dos maiores acidentes orográficos do Alentejo, eleva-se a cerca de 600 metros de altitude, dominando e delimitando a sub-região do Redondo, resguardando as vinhas a Norte e Nascente, proporcionando Invernos frios e secos compensados por Verões quentes e ensolarados.
Os solos, apesar de heterogéneos, como é regra no Alentejo, privilegiam os afloramentos graníticos e xistosos dispostos em encostas suaves com predominância na exposição a Sul.
É uma das sub-regiões mais consistentes face à protecção que a Serra da Ossa oferece.
É a maior das sub-regiões do Alentejo, assente em terrenos pobres e pedregosos, repleta de afloramentos rochosos que marcam de forma dramática a paisagem de Reguengos.
Os solos xistosos e o clima profundamente continental, com Invernos muito frios e Verões extremamente quentes, condicionam a viticultura, oferecendo vinhos encorpados e poderosos, com boa capacidade de envelhecimento.
Apesar da dimensão, Reguengos é uma das sub-regiões onde a propriedade se encontra mais fragmentada, com áreas médias de vinha reduzidas para as referências tradicionais alentejanas.
Reguengos é reduto de algumas das vinhas mais velhas do Alentejo, reservas únicas de clones e variedades hoje quase perdidas.
A falha da Vidigueira que marca a divisória entre o Alto e o Baixo Alentejo, determina a razão de ser da Vidigueira, a sub-região alentejana situada mais a sul.
As escarpas da falha, de orientação Este-Oeste condicionam o clima da Vidigueira convertendo-a, apesar da localização tão a sul, numa das sub-regiões de clima mais suave do Alentejo.
Os solos são pouco produtivos, predominantemente de origem granítica e xistosa. A Vidigueira alberga a Tinta Grossa, uma das variedades mais misteriosas do Alentejo que alguns apontam como heterónimo para a casta Tinta Barroca.
Apesar da localização tão a sul, a Vidigueira foi durante anos palco privilegiado para os vinhos brancos alentejanos, graças ao clima temperado da sub-região.
Os vinhos certificados como Vinho Regional Alentejano ou IG são produzidos a partir de vinhas plantadas nos distritos de Portalegre, Évora ou Beja.
Qualquer vinho produzido fora das áreas delimitadas DOC, só podendo ser certificado como IG (Vinho Regional Alentejano). No entanto, um vinho produzido numa área DOC pode ser certificado como IG, dado que nestes vinhos é permitida a utilização de um maior número de castas, favorecendo a inovação e uma maior variabilidade dos vinhos produzidos.
Para além da questão geográfica, a opção pela certificação de um vinho com Regional Alentejano prende-se com regras mais liberais e maior autonomia na escolha das castas, com a presença de algumas variedades forâneas em consórcio com as variedades tradicionais do Alentejo, acolheu, para além dos produtores cujas vinhas se situam fora das oito sub-regiões com direito a denominação de origem, um conjunto elevado de produtores clássicos.
O processo de certificação é uma porta de confiança que se abre ao cliente. Há uma associação natural à qualidade de um produto que tenha passado por um processo de certificação, porque automaticamente se sabe que existem um conjunto de normas e regras pré-definidas, cumpridas em primeiro lugar pelos produtores e em segundo por todos os especialistas que acompanham o processo.
Não queremos proporcionar apenas um almoço ou um jantar, queremos uma experiência e um casamento perfeito entre a refeição e o vinho que escolhem. O processo de certificação é um método essencial e que sabemos que vai desde o terreno até ao rótulo das garrafas, onde os clientes podem ler sobre o vinho que escolheram para desfrutar daquele momento.
O IVV tem dado o seu apoio ao sector na promoção das regiões e dos seus produtos quer no mercado interno quer no externo. Neste processo, os agentes económicos mostram o valor que existe na sua região – mostram como as uvas e o vinho são fruto da natureza da região alentejana, por exemplo. Em Portugal o processo de controlo é muito rigoroso, o que é uma garantia extra de qualidade para o consumidor.
Muitas vezes invisível para o consumidor, o processo de certificação espelha a qualidade dos vinhos. Por detrás do vinho que chega às nossas mesas, há todo um trabalho que começa na vinha e que continua na transformação do vinho. Este processo é não só uma segurança para nós mas também para os nossos consumidores. Acaba por ser uma mais-valia para todos.